**Como o Samba Ajudou a Adidas a se Reerguer: Uma História de Superação**
"Mas iremos achar o tom, um acorde com lindo som, e fazer com que fique bom, outra vez… O nosso cantar!"
Você provavelmente reconhece esses versos e, naturalmente, a melodia começa a ecoar na mente. Mas, dessa vez, não estamos falando de música. O samba aqui é outro: é o Samba da Adidas, que ajudou a gigante alemã a se reerguer e voltar ao topo da indústria esportiva.
No início de 2023, a Adidas deu as boas-vindas ao seu novo CEO, o norueguês Bjørn Gulden, conhecido por seus 10 anos de sucesso à frente da Puma, grande rival da empresa. Gulden assumiu o desafio em um momento delicado: a Adidas estava imersa em uma crise financeira e de relações públicas, após romper sua parceria bilionária com o rapper Kanye West (Ye), devido a declarações antissemitas. A linha Yeezy representava 8% da receita total da empresa em 2021, e o rompimento levou as ações da Adidas ao ponto mais baixo em 10 anos.
A recuperação parecia difícil, mas o novo CEO tomou uma decisão crucial logo nos primeiros dias de sua gestão: dar um novo fôlego ao modelo Samba, um clássico que parecia esquecido. E assim, o Samba, inspirado nas chuteiras de futsal, renasceu, oferecendo uma alternativa aos tênis mais robustos do mercado de basquete, como os da linha Jordan.
### A Decisão Que Mudou o Jogo
Antes da chegada de Gulden, o Samba já estava começando a gerar certo burburinho, mas a intenção era só aumentar sua produção em meados de 2024. No entanto, Gulden percebeu o potencial e acelerou o processo, aumentando a produção de milhões de unidades do modelo.
Essa aposta foi um sucesso. O Samba, junto com outros modelos como o Gazelle e o Spezial, rapidamente se tornou um dos maiores sucessos de vendas da Adidas. Os números falam por si: em 2023, o Samba foi eleito o "Tênis do Ano" pela Footwear News, a primeira vitória da Adidas desde 2015 com o Yeezy Boost 350. Estima-se que a linha de tênis conhecida como “terrace” gere cerca de US$ 1,6 bilhão em vendas apenas neste ano.
### Uma Cultura Focada em Criatividade e Relacionamentos
Sob o comando de Gulden, a Adidas passou a adotar uma abordagem mais ousada e proativa. Antes, a empresa parecia focada apenas em defender sua posição no mercado, evitando riscos. Com o aumento da produção do Samba, ficou claro que Gulden queria instaurar uma cultura voltada para a inovação e a criatividade, algo que ficou ainda mais evidente com o lançamento do Adizero Adios Pro Evo 1, um tênis de corrida ultraleve.
Em vez de seguir um processo de testes prolongados, a Adidas decidiu confiar no potencial do produto e disponibilizou o modelo para 50 corredores africanos de elite, acelerando seu lançamento. A estratégia se pagou: os atletas aprovaram o tênis, e ele foi utilizado nas cinco principais maratonas mundiais, todas vencidas por corredores usando Adidas.
Essa cultura mais flexível e inovadora não só trouxe resultados rápidos, mas também deu aos designers da Adidas a liberdade de sair da rotina e pensar fora da caixa, algo que vinha sendo restringido anteriormente pelos objetivos comerciais.
### Relações Renovadas no Mundo do Esporte
Outra mudança significativa na gestão de Gulden foi o fortalecimento das relações com os atletas que representam a marca. Figuras como Zinedine Zidane e o jovem astro Jude Bellingham foram protagonistas de novas campanhas, reforçando a presença da Adidas no futebol global.
Essa estratégia também foi aplicada a parcerias de longa data. Um exemplo é a renomada designer Stella McCartney, que desenhou kits para o time feminino do Arsenal em 2023, destacando a Adidas como uma marca que valoriza tanto a performance quanto o estilo.
### O Futuro da Adidas: Desafios e Oportunidades
Embora os resultados até agora sejam impressionantes, nem tudo foi perfeito. A Adidas se viu no centro de uma polêmica quando cancelou uma campanha estrelada pela modelo Bella Hadid, após críticas relacionadas ao histórico político da modelo e ao uso de um design inspirado nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972. Esse incidente gerou uma onda de críticas nas redes sociais, ressaltando a importância de decisões estratégicas cuidadosas em uma era onde a percepção pública pode mudar rapidamente.
Olhando para o futuro, o foco da Adidas está nas Américas, especialmente com os grandes eventos esportivos que estão por vir: a Copa do Mundo de 2026 e os Jogos Olímpicos de 2028 em Los Angeles. Esses eventos oferecem à marca uma oportunidade de ouro para continuar seu crescimento e solidificar sua presença em um dos maiores mercados esportivos do mundo.
### Conclusão: O Samba Que Não Parou de Tocar
A história de como o Samba ajudou a Adidas a se reerguer é mais do que uma lição de estratégia de produto; é um exemplo de como a inovação, a coragem de correr riscos e a confiança na criatividade podem revitalizar uma marca. Sob a liderança de Bjørn Gulden, a Adidas não apenas se recuperou da crise, mas também redefiniu seu futuro, mostrando que o samba que ela toca é de resiliência, ousadia e sucesso.